Esta cadeira aborda a temática do risco em sociedade na dupla perspectiva das suas variadas representações culturais e nas suas expressões epidemiológicas. É assim uma cadeira onde se cruzarão as abordagens antropológicas sobre simbolismo, memória e previsibilidade, e os estudos de medicina de saúde pública sobre as tipologias do risco e trauma, e os quadros de referência da sua gestão e prevenção.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS - A cadeira é constituída por quatro módulos.

1º Módulo – O risco imaginado, o trauma vivido

Docente: Manuel João Ramos – Dept. Antropologia, ISCTE

Apresentação geral da temática do risco em sociedade, e da gestão cultural da sua previsibilidade.

Abordagem da natureza representacional do risco, na perspectiva da antropologia do simbólico e da cognição.

Referência ao contexto do risco e do trauma, no contexto da violência rodoviária, numa perspectiva comparativa.

2º Módulo – O risco do trauma, modernidade e memória

Docente: António Medeiros – Dept. Antropologia, ISCTE

Análise de dois dos eventos mais traumáticos para as sociedades ocidentais no século XX – a Grande Guerra e o Holocausto – que condicionaram as formas de rememorar próprias dos nossos tempo.

Análise das ilustrações históricas que propiciaram importantes debates teóricos neste domínio, e apresentação de um quadro de análise passível de os relativizar e contextualizar.

3º Módulo – O risco e domesticação da incerteza

Docente: Paulo Granjo – Instituto de Ciências Sociais, UL

Apresentação da diversidade social das tentativas de domesticação do aleatório e do risco, através da atribuição de sentidos e da criação de expectativas de previsão.

Análise das limitações e dos perigos potenciais que decorrem da aplicação de pressupostos probabilísticos, no quotidiano e na tomada de decisões acerca de actividades perigosas.

Ilustração do perigo industrial, através da apresentação de casos concretos provenientes de diversos contextos (interacção entre a lógica do “risco” e as práticas cautelares, decorrentes ou não do Princípio da Precaução).

PROGRAMAÇÃO DAS SESSÕES:

Manuel João Ramos, ISCTE

20 Out - O debate acerca do risco no âmbito da antropologia contemporânea

21 Out - Perspectivas e condicionalismos de uma abordagem antropológica da temática interdisciplinar do risco

27 Out - Nas sociedades do não-risco: uma visão da história da heurística antropológica

28 Out - Risco, violência e trauma no contexto dos estudos sobre sociedades tradicionais

4 Nov - Risco e ritualização

10 Nov - Estudo de caso: perspectivas antropológicas e históricas sobre o sacrifício na sociedade ruandesa

11 Nov - Estudo de caso: o genocídio de 1994, seus antecedentes, e perspectivas de uma abordagem antropológica

17 Nov - Estudo de caso: o contexto etíope – variações sobre a violência política e religiosa

18 Nov - Estudo de caso: a guerra civil de 1620-1640 no norte da Etiópia – risco de perda de indentidade cultural e memórias traumáticas na literatura escrita e oral etíope

24 Nov - Estudo de caso: O risco nas sociedades contemporâneas – a cultura da violência rodoviária em Portugal

25 Nov - Deformações corporais e entrada na vida adulta, nas sociedades tradicionais e no mundo conteporâneo

Jorge Freitas Branco, ISCTE

2 Dez - A problemática risco ambiental em áreas protegidas portuguesas – uma leitura antropológica

Carlos Mendes, ISCTE

9 Dez - Para uma antropologia do risco – o espaço público urbano, a perda de identidade cultural, o terrorismo internacional

Manuel Delgado, Univ. Bacelona; Brian O’Neill, ISCTE; José Rodrigues dos Santos, Academia Militar

15 Dez - A cultura automóvel - expressões do risco rodoviário na literatura e no cinema contemporâneos

Rui Zink, FCSH-UNL

16 Dez -

António Medeiros, ISCTE

Paulo Granjo, ICS-UL

5 Jan - Determinação, acaso e domesticação do aleatório.

6 Jan - “Risco” probabilístico: um particularismo cultural sui generis

12 Jan - Adivinhação, aleatoriedade e caos determinístico

13 Jan - Trauma, culpa e reintegração social – rituais de limpeza pós-guerra

19 Jan - Sensorialidade, memória histórica e cognição da ameaça industrial – comparação empírica.

20 Jan - A noção de “risco” como factor de perigo – as refinarias portuguesas.

26 Jan - Saberes profissionais como capital securitário.

27 Jan - Futuro do passado: espíritos e precaução tecnológica numa fundição Moçambicana high-tech.

2 Fev - Retóricas da “sociedade do risco”: consequências sobre os processos de decisão e os direitos individuais.

António Medeiros, ISCTE

3 Fev - Modernidade e Memória

9 Fev - A Era da Comemoração e dos Nacionalismos

10 Fev - O que as nações lembram e o que esquecem: nacionalismo, modernidade e genocídio

16 Fevereiro - Vida moderna, Velocidade, Trauma

17 Fevereiro - Grande Guerra, Choque Traumático e fragmentação da experiência.

23 Fev - Memórias da Grande Guerra - memórias modernas

24 Fevereiro - Morte e luto - comparações propostas por algumas etnografias